A melhoria da renda da população, as grandes obras de infraestrutura no Estado e a recente preocupação das pessoas em proteger-se, via seguros, de riscos catastróficos, como as enxurradas que varreram bens e vidas na Região Serrana, entram na projeção de crescimento esperado pelo mercado segurador do Rio de Janeiro."Para todos os lados olhados, as perspectivas são alvissareiras", afirma o presidente do Sindicato das Seguradoras do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Tavares, nesta entrevista concedida ao Portal ViverSeguro.
Como será o ano para a indústria de seguros fluminense, após os impactos da inesperada tragédia da Região Serrana?
A tragédia da Região Serrana foi de fato horrível, mas o seguro demonstrou, mais uma vez, sua importância para quem tinha. Quem, por exemplo, tinha seguro de automóvel, e o perdeu nas enxurradas, vai tê-lo de volta. Ele receberá a indenização para comprar um carro igual ou até superior ao que perdeu, porque é sabido que a tabela Fipe, às vezes, indeniza alguns modelos de usados com valores acima do preço de mercado.
Também merece destaque aqui o rápido socorro prestado pelas seguradoras, que montaram pontos de atendimento na Região Serrana para liquidar os sinistros.
Agora, o que a gente precisa aumentar, não só no Rio, mas em todo Brasil, é a cobertura do seguro de residência, já que, embora os preços sejam reduzidos, só uma parcela ínfima da população contrata. Porém, é necessário que tal compra seja bem-feita e, preferencialmente, ocorra por meio de um corretor de seguros, porque este profissional está apto a explicar que coberturas de alagamento ou desmoronamento, negociadas neste ramo, são adicionais, já que as garantias básicas do residencial são incêndio, raio e explosão.
Aliás, é possível adquirir estas coberturas catastróficas (desmoronamento/ alagamento) pelo valor integral do imóvel?
Sim, desde que seja até o limite passível do prejuízo, porque o sinistro não pode resultar em ganhos indevidos com o dano.
Então, por que a demanda é baixa?
No Brasil, há um desafio enorme de ampliar a demanda do seguro residencial. Mas o fato de o Brasil não ter catástrofes naturais, como terremotos, faz com que as pessoas se sintam seguras em sua realidade. Também há um grande número de pessoas que desconhecem a existência dessas coberturas. Mas, como o clima começa a mudar e, eventualmente, o inesperado está sempre de plantão, é muito provável que as pessoas se tornem mais cautelosas e passem a comprar mais seguro, porque uma casa é um patrimônio que não pode correr riscos. Algo que está em linha com o esforço do mercado segurador no sentido de mostrar a relevância e priorizar as vendas do seguro residencial.
Após as enchentes ocorridas em 2008 em Santa Catarina, a procura por seguros cresceu imediatamente. Isso deve se repetir no Rio de Janeiro?
Acredito que sim, mas este avanço dependerá do nível de renda da população. É pouco provável que aquela pessoa que hoje compra o mínimo para sua sobrevivência tenha reservas para o seguro. Mas a classe média, que também foi atingida na região Serrana, deve procurar mais o seguro para proteger seu patrimônio.
Desconsiderando-se o imponderável, como a tragédia da Região Serrana, afinal como será o ano para o mercado de seguros do Rio?
O automóvel continua a ser uma das principais carteiras do mercado fluminense. Porém, embora a frota de carros aumente no estado, o prêmio médio por veículo será menor, refletindo o movimento de baixa de preços que ocorre desde o ano passado. Mesmo assim, o mercado, como um todo, mantém perspectivas positivas para o ano, já que o Rio de Janeiro, tendo em vista o quadro macroeconômico favorável e os megaeventos programados para os próximos anos, como a Copa do Mundo de 2014 a as Olimpíadas de 2016, é um dos pólos de atração de investimentos. Em consequência, salários e valores de imóveis, em alta, antecipam este quadro muito positivo da economia fluminense. A valorização dos bens, como imóveis, reflete-se na arrecadação do mercado positivamente, assim como a melhoria da renda da população, porque gera a aquisição de mais seguros. Há grandes empreendimentos previstos ou já em execução em todo o estado, abrindo um leque de negócios para o mercado segurador. Afinal, não pode construir nada sem a garantia do seguro. Então, para todos os lados que sejam olhados, as perspectivas são alvissareiras.
Fonte : site fenaseg.org.br